Capítulo II (parte 3)

-E o Lucas, Nillo? -perguntei receosa, e ele fez uma careta.

Nillo se diz hétero. No alto de seus um metro e noventa, os dentes bem brancos faziam um belo contraste com a pele bronzeada e o corpo musculoso, a pele morena realçava os olhos cor de mel e os cabelos bem pretos, Nillo era um cara bonito, isso ninguém podia contestar, e chamava a atenção de mulheres e homens, quase todo mundo sentia vontade de deleitar-se em seu corpo de personal trainer, tatuado porém elegante, ele saía com muitas garotas, muitas clientes mais velhas que sempre lhe arrumavam uma grana, apesar dele afirmar o tempo todo que não era gigolô, e a pouco tempo ele ingressara no mundo gay, tendo tido relacionamentos com dois de nossos conhecidos, um tanto frustrantes, que, segundo ele, não tinham nada de amor, sexo apenas. "Mulheres não fazem anal, Camila, nem chupam meu pau direito, homem faz isso melhor, e é só isso". E ele andava com essa mania de odiar intensamente os caras depois que terminava, até com razão, porque eles sempre acabavam perseguindo a vida dele depois.

-Credo Camila! Nem me fala desse cara! -Ele respondeu com a mesma careta.

-Tá bom "gatão".-respondi rindo dele. -Ele ainda tá te perseguindo né?

-Nem me fala...ele e as "amiguinhas" dele...-Nillo estava falando dos outros meninos que andavam com o Lucas. -...vivem lá na academia me chamando pra sair!

-E tu...?

-Ah, eu...

Ouvimos a chave girar na fechadura, as meninas estavam de volta.

Tirei a bandeja de aço do forno, despejei os 15 gramas de "pó mágico" dentro dela,e a Gil começou a refinar com a colher.

Nillo enrolou uma nota de cem reais em forma de canudo, fiz as primeiras carreirinhas e passei o prato onde elas estavam pra que os outros se servissem, depois de cheirar as minhas.

Abrimos o champagne na hora da virada do ano, relembramos tudo que vivemos naquele ano, como todo reveillon desde que nos conhecemos, e brindamos ao nosso amigo Fred, que naquele ano deixara seus sonhos pra trás, e nunca mais poderia brindar um reveillon conosco.